terça-feira, 20 de abril de 2010

A cultura desportiva do nosso país e as suas consequências no Xadrez

Infelizmente o grau cultural do nosso país é baixo e isso acaba por se reflectir no desporto em geral, e no xadrez em particular.

A nossa cultura desportiva está unicamente vocacionada para o futebol, e mesmo dentro dessa modalidade praticamente só contam 3 emblemas. De quem é a culpa?


Os media são os grandes culpados. Se folhearmos um jornal desportivo, 80% é futebol e dentro dessa percentagem metade é concedida aos 3 grandes. Consequências?


Simples: os jovens crescem com histerismo relativamente ao futebol, serão provavelmente adeptos de um dos 3 grandes, tentarão ser jogadores de futebol, a maior parte não conseguirá, os outros desportos serão vistos como o patinho feio e continuarão a ser constantemente marginalizados .

Para mim é impensável que em cidades como Aveiro, Coimbra, Faro para citar alguns exemplos, o clube mais apoiado não seja o da terra, como também é impensável um jogador de futebol duma equipa da 2ªdivisão ser por exemplo mais conhecido que o Frederico Gil.

Agora vamos tentar situar o xadrez neste panorama desolador. Eu cada vez acho mais incrível o mau tratamento que é dada a modalidade por todos. Desde os agentes da própria modalidade ao exterior.

Comecemos pelos dirigentes; a maior parte desconhece a realidade da modalidade, porque não joga xadrez e também não se preocupa muito em conhecer. Muitos dirigentes novos que aparecem são pessoas com desconhecimento total da modalidade e horizontes limitados que se contentam em ser o melhor da rua deles. A partir daí tudo o resto tem grandes probabilidades de correr mal, porque infelizmente essa mentalidade é passada aos jovens que em tenra idade são bastante influenciáveis.

Os jogadores de topo em Portugal provavelmente resignados perante a míngua de apoios e cada vez com menos esperança nesta área vão definhando e jogando cada vez menos.

Os pais pensam que por uma vitória mais conseguida, os seus filhos já são futuros campeões. Mal eles imaginam que o caminho para o topo, exige muito trabalho e não segue uma linha recta.

Organizadores de torneios fortes praticamente não existem, porque o xadrez não é mediático e a partir daí entramos claramente num ciclo vicioso. Para podermos sair dele, só mesmo com um esforço extra de todos nós.
  • A Federação, como entidade máxima, deveria passar uma melhor imagem da modalidade quer interna, quer principalmente externamente. A única maneira de sair do marasmo é com um quadro competitivo forte e para tal são necessários apoios que só serão seguramente angariados com uma imagem duma Federação forte e capaz. Um bom departamento de Marketing e Comunicação é um investimento mais que justificado.

  • Os jogadores de topo têm que fazer um esforço para passar uma melhor imagem de si e da modalidade. Nenhum patrocinador vai querer investir em equipas que não dão o seu máximo e que não são profissionais no seu comportamento.

  • Os dirigentes têm que zelar pelo bem da comunidade em detrimento de vitórias fáceis e sem esforço e chegarem à conclusão que é mais importante ficar em 10º numa prova forte que ganhar a competição de caricas em pista coberta, passe o eufemismo.

  • Os jovens não podem pensar que por ganharem algo que o caminho está terminado, muito pelo contrário ele agora começou. Devem-se mentalizar para o trabalho duro. Aliás, não conheço mais nenhuma modalidade que é possível atingir algum nível com tão pouco trabalho efectuado. Em desportos como a natação ou o ténis por exemplo, são necessários horas e horas de trabalho árduo para poder chegar a um nível aceitável.

Eu pessoalmente não acredito muito na mudança, mas se queremos que o nosso querido desporto seja reconhecido pela sociedade cabe-nos a cada um de nós dar um pouco mais de esforço na consecução de tal objectivo.

1 comentário:

  1. 100% de acordo!
    cada vez mais odeio futebol, não suporto que se gastem MILHÕES com esse desporto e que noutros sejam anuladas provas, etapas ou algo do género por falta de dinheiro!!!

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