terça-feira, 27 de outubro de 2009

Entrevista a Ana Ferreira

Seguindo na onda de falar com as meninas mais bonitas do xadrez luso, tenho o prazer de anunciar que a próxima entrevistada seria provavelmente eleita a Miss sensualidade do xadrez nacional.
Obrigado por teres aceite o convite Ana Ferreira. Espero aumentar o número de visitantes graças a ti :)

José Padeiro (JP): Vou começar por uma pergunta que te certamente irá deixar embaraçada. Sentes feedback do que eu disse em relação à tua sensualidade no meio da comunidade do xadrez, ou pensas que é exagero da minha parte?
Ana Ferreira (AF): Bem vou começar por responder duas vezes que sim: que esta pergunta me deixa embaraçada e também que me parece exagero de tua parte. Em geral as pessoas são simpáticas e amáveis, tanto os jogadores do sexo masculino como feminino, e penso que neste meio a aparência acaba por não algo realmente importante, mas sim as atitudes no jogo e fora dele.

JP: Como classificarias o xadrez feminino? Pensas continuar a jogar depois de constituir família? Pergunto isto porque praticamente não existem jogadoras com mais de 30 anos. Dá que pensar, não achas? O que pensas sobre toda esta temática.
AF: Acho que o xadrez feminino é algo que realmente importante para a modalidade e que precisa de ser desenvolvido, é importante que surjam mais jogadoras. Penso que o xadrez beneficiava a todos os níveis com este facto, mesmo a nível administrativo, o toque feminino é algo que faz sempre falta e sem dúvida que traz um equilíbrio a este mundo cheio de homens.
Claro que não se sabe o futuro, mas tenho o objectivo de continuar a jogar xadrez mesmo depois de constituir família. Sou apaixonada pelo jogo, acho um desporto mesmo interessante e importante, e pretendo ajudar a melhorar o que não está tão bem na modalidade em Portugal. Tenho objectivos bem definidos, gostava de pertencer à federação um dia, ou ter um clube próprio. Acabam por ser sonhos, mas completamente possíveis de realizar pois só dependem de mim!
Mesmo assim, compreendo que talvez esta minha visão possa ser um pouco ingénua. Mas quem sabe, a mulher está a ganhar cada vez mais um papel mais activo na sociedade e a tornar-se mais independente e acredito que seja possível conciliar a vida familiar com outros propósitos. Hoje em dia penso que a maior razão para que as mulheres com mais de 30 anos não joguem deve-se ao facto de a mentalidade de antigamente ser muito do género “Ah a esposa deve tratar a casa, cuidar dos filhos, fazer o jantar”. Isto está a mudar e penso que isso é óptimo.

JP: Qual é a tua meta no xadrez? Estás satisfeita com o nível atingido ou acreditas que podes ainda atingir uma meta de maior relevo no seio da modalidade?
AF: Sem dúvida que não estou satisfeita, e a minha maior meta (e mais uma vez posso dizer sonho) ser Campeã Nacional Feminina. Para tal claro que tenho de me esforçar, estudar e jogar torneios, mas nem sempre consigo conciliar o xadrez com a faculdade. O resto acho que virá por acréscimo, mais uma vez tudo depende de mim, da minha dedicação.

JP: Penso estar certo quando digo que jogaste o torneio mais duro da tua carreira este ano na 1ª divisão. Que impressões e ensinamentos retiras dessa prova? Achas que foi benéfico?
AF: Foi uma prova que aprendi bastante, e chego à conclusão que não estava nada preparada para enfrentar um torneio deste género. Os jogos que joguei foram muito interessantes, e conviver com jogadores com um nível tão superior ao meu foi sem dúvida enriquecedor. Lidar com o psicológico de tantas derrotas, o sentido de apoio e espírito de equipa foram situações que sem dúvida me ajudaram a tornar-me uma jogadora melhor. Foi sem dúvida benéfico e gostaria de um dia de voltar a participar nesta prova, mas desta vez pelo menos com melhores resultados individuais.

JP: Voltando mais atrás historia o processo que te lançou na modalidade? O facto de ter muitos rapazes foi decisivo? Achas que é um factor decisivo para o grosso das jovens que praticam a modalidade?
AF: O meu pai ensinou-me a mim e aos meus irmãos como se movimentavam as peças numas férias de verão no Algarve, e mais tarde o meu irmão começou a jogar federado em Aveiro no 1º Passo. Depois mais tarde, eu e a minha irmã entrámos também no clube e nas aulas do Dinis e daí foi um passo para começarmos a jogar federado, a participar nos campeonatos de jovens, a fazer amizades vitalícias e, bem, nunca mais deixámos de jogar!
O facto de ter muitos rapazes não influencia em nada o facto de gostar da modalidade, é algo que me é praticamente indiferente. E também, das raparigas que conheço, penso que não é um factor decisivo para as praticantes femininas. Podia realmente ser um chamariz para termos mais senhoras a jogar, mas infelizmente isso ainda não se verificou para já.

JP: De 0 a 10 que importância dás ao xadrez na tua vida? Se tivesses 3 desejos nos quais só pudesses utilizar exclusivamente para melhor tecnicamente no xadrez, que pedirias?
AF: Na minha vida, diria que a importância do xadrez na minha vida é elevada, por isso escolho 8. O xadrez abriu-me portas importantes, estou envolvida em organismos administrativos onde estou sempre a aprender e a desenvolver novas capacidades, e também dou aulas a crianças, e isso sem dúvida que é uma paixão para mim.
Dos 3 desejos, pediria que melhorasse a minha táctica (as vezes tenho falhas muito graves), e que melhorasse a nível de aberturas e finais. Penso que sem dúvida que isto ajudava em muito a qualidade do meu jogo!

JP: O ano passado foste vice-campeã nacional. Achas que podias ter aproveitado para um maior impulso na tua carreira, ou pensas que foi obra do acaso?
AF: Penso que ainda posso aproveitar este resultado, pois pensar nisso ainda me dá muita motivação e mostra-me que sou capaz de chegar mais longe, tanto a nível de elo como de resultados obtidos.

JP: Como comentas as eleições de sábado?
AF: Tenho de ser sincera e dizer que esperava que obtivéssemos mais votos, e acabei por ficar surpreendida pois estava a espera de uma melhor adesão por parte dos jogadores. De qualquer modo, foi óptimo a minha lista ter eleito 2 delegados, e devo dizer que gostei da experiência de pertencer a uma lista, que achei ser uma lista interessante. Parabéns à lista da Ariana, que foi a clara vencedora, apesar de não concordar com uma lista só de mulheres, pois acho uma lista equilibrada é uma lista com elementos dos dois sexos.

Perguntas rápidas
Sentiste-te prejudicada no caso das Olimpíadas?
Sim, mas a Bianca foi a principal prejudicada.
Melhor pessoa do xadrez: Bem, eu responderia Susana Ferreira, mas como é da família possivelmente não conta. Melhor pessoa do xadrez que eu conheço é o Ricardo Margarido.
Pessoa mais importante na carreira: Francisco Castro
Melhor vitória: Não foi tanto pela vitória em si, mas foi o que me levou a conseguir o resultado final: foi contra a Agna Gabriel, no Campeonato Feminino do ano passado, na última sessão.
Melhor torneio: Campeonato Nacional Feminino 2008
Derrota mais dolorosa: Quando perdi com o Carlos Duarte, no meu penúltimo nacional sub-20. Se ganhasse seria campeã feminina.

JP: Deixa uma mensagem aos teus fãs espalhados por todo o Portugal e quiçá além fronteiras.
AF: Espero que continuem a jogar, e que cada vez se interessem mais por melhorar este nosso desporto de eleição, tanto a nível xadrezístico como a nível administrativo. Vamos fazer o 25 de Abril do xadrez? :)

Entrevista dedicada ao José Margarido, apesar de não ser com a pessoa que ele queria!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Obrigado Jorge Ferreira!

Este agradecimento não é pelo recente feito do Jorge. Primeiro, porque era uma questão de tempo até tal acontecer, segundo porque é simplesmente mais um passo rumo à caminhada ao título de Grande-Mestre.

O motivo de tal agradecimento é mais profundo. A ascensão do Jorge faz-nos sonhar e acreditar que a recompensa do trabalho árduo, mais tarde ou mais cedo aparece. Faz-nos acreditar que felizmente o xadrez jogado, ainda não foi ultrapassado pelo xadrez falado!

Por isso, e por todas as tuas qualidades, principalmente a extrema humildade, obrigado Jorge!

O xadrez jovem português agradece também uma referência deste quilate!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Entrevista a Ariana Pintor

Vamos iniciar uma série de entrevista no qual o objectivo será dar a conhecer as personalidades mais importantes do xadrez português. Para começar resolvi por entrevistar Ariana Pintor uma das melhores jogadoras portuguesas e concorrente à eleição de delegados para a Assembleia Geral da FPX. O objectivo é entrevistar uma personalidade quinzenalmente.

Obrigado por teres aceite o convite Ariana. A 1ª pergunta vai-te certamente fazer pensar.


José Padeiro (JP): Quem é Ariana Pintor no meio xadrezístico? Ou seja que imagem achas que passas para o vulgo jogador de xadrez português?
Ariana Pintor (AP): Penso que para o vulgo jogador de xadrez português, a Ariana Pintor é apenas uma miúda do Porto com jeito para o xadrez, que teve sucesso enquanto jovem. Neste momento, no entanto, acho que já sou um pouco diferente dessa miúda. Quem me conhece melhor, sabe que sou uma pessoa com muito interesse pelo xadrez, agora numa fase um pouco mais madura, que tenho muita vontade em fazer algo a nível do ensino, organização, desenvolvimento e divulgação da modalidade. Penso que o meu pico competitivo enquanto jogadora já passou, mas pretendo usar a minha imagem de jovem bem sucedida para promover o xadrez.


JP: Vamos começar pelo início. Quando começaste a jogar e porquê?
AP: Comecei a jogar com 5 anos. O meu pai ensinou-me junto com outros jogos, que costumávamos jogar em casa. Depois aos 8 surgiu a oportunidade de começar a jogar nos Gambozinos, e entrar em competições.


JP: Estás satisfeita com aquilo que já conseguiste no xadrez, ou desejas atingir mais alguma meta em especial?
AP: Em termos competitivos, estou bastante satisfeita. O título de campeã nacional penso que será a única meta especial que me falta no meu currículo enquanto jogadora. Também gostava de ambicionar ao título de Mestre Internacional Feminina, mas não é uma prioridade. A minha principal meta neste momento é motivar os meus alunos e contribuir para a minha equipa. A um nível mais geral, quero continuar a contribuir para a divulgação.


JP: O que tiveste que trabalhar para chegares a este nível? Achas que é mais importante o trabalho individual ou o acompanhado?
AP: Para chegar a este nível, tive que dedicar bastante tempo ao xadrez. Não digo que tenha tido que estudar muito ou perder muito tempo nos livros, porque não é verdade, embora tenha passado algumas fases em que estudava bastante. Também tive bastantes aulas. Mas penso que o mais importante para a minha evolução foi ter-me dedicado numa determinada fase (principalmente entre 2004 e 2007) à competição e ter aprendido com a experiência.
Quanto ao que é mais importante, penso que tem a ver com o estilo e personalidade de cada jogador. Em geral, diria que o trabalho individual é importante para aprender conceitos, por exemplo, estudar uma abertura, ou treinar o cálculo, mas o trabalho acompanhado também é muito importante para orientar, dar confiança e analisar os erros.


JP: Que importância das ao xadrez na tua vida numa escala de 0 a 10?
AP: A mesma que qualquer pessoa daria ao seu hobby preferido. 7, talvez?


JP: Tal como eu, fizeste uma lista para eleição de delegados para a Assembleia Geral. Podias-nos contar as tuas ideias e projectos? Que podem contar os jogadores de xadrez se fores uma das eleitas? Donde nasceu a ideia de tal candidatura?
AP: A ideia para a candidatura surgiu de várias pessoas que me sugeriram a formação de uma lista feminina. Achei boa ideia, e a partir daí, pus em marcha o processo. Se for eleita, pretendo dar voz às nossas preocupações enquanto jogadoras femininas, como principal objectivo. Por exemplo, na última Olimpíada, foi inacreditável a atenção dada ao António Fernandes, que envolveu comunicação social e tudo, quando a nossa situação era muito mais grave. Por sermos menos, por termos menos voz, a nossa posição foi ignorada. Por isso achamos importante ter uma representante na Assembleia Geral, para impedir que tais situações aconteçam, ou pelo menos para que haja uma voz oficial que as faça ouvir.
Num âmbito mais geral, os jogadores de xadrez podem também contar com uma representante imparcial, com vontade de progredir em termos de organização do xadrez, de tentar resoluções para os conflitos e contribuir para uma política mais justa a nível da FPX. Apesar de, como já disse, o nosso principal foco ser o xadrez feminino, também tencionamos defender bastante o xadrez jovem, e o xadrez sénior de competição, que muito tem sido descuidado nos últimos tempos. Para além de representantes das jogadoras, também não descuidamos os problemas de todos os jogadores, em geral.

Perguntas rápidas
Pessoa mais importante na tua carreira: Para além do meu pai, Manuel Pintor, diria o António Fróis, e ainda o Rui Almeida, o Rui Pereira e o Vítor Guerra.
Melhor amigo do xadrez: Susana Ferreira, Ana Baptista, Margarida Coimbra, Catarina Leite. Grandes amigas, a diferentes níveis de proximidade.
Melhor partida: Ariana Pintor-António Vítor, AEJ 2007.
Melhor torneio: Benidorm 2006
Vitória que te deixou mais feliz: Zehra Topel-Ariana Pintor, Olimpíada de Calvià,2004.
Derrota mais dolorosa: Tive várias derrotas marcantes, mas talvez escolhendo uma em particular, contra o Carlos Oliveira em 2003 em Aveiro.

JP: Para terminar, que mensagem passavas aos jovens e principalmente às jovens que gostariam de singrar na modalidade?
AP: A mensagem que quero passar é: divirtam-se a jogar xadrez. Se gostarem, têm muito que aprender, que descobrir, que competir. Aproveitem enquanto são jovens, o xadrez pode-vos dar um grande prazer a nível da competição, é uma motivação e ajuda a nível da escola. Para as meninas em especial, há que vencer o preconceito e competir de igual para igual! Dá um gozo enorme ensinar aos rapazes que não é uma vergonha perder com miúdas…

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Nota editorial

Primeiro de tudo gostaria de saudar toda a comunidade xadrezística e não só. Este blogue tem como objectivos principais a divulgação de actividades e pensamentos, quer sejam sobre o xadrez ou sobre outra área que eu considero relevantes. Tentarei que seja um espaço diferente dos que já existem e ao mesmo tempo que possa ser útil a nível de informação e divulgação da modalidade. Gostaria de convidar todas as pessoas a imiscuirem-se neste espaço desde que tal seja feito com elevação.