sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Entrevista a Ariana Pintor

Vamos iniciar uma série de entrevista no qual o objectivo será dar a conhecer as personalidades mais importantes do xadrez português. Para começar resolvi por entrevistar Ariana Pintor uma das melhores jogadoras portuguesas e concorrente à eleição de delegados para a Assembleia Geral da FPX. O objectivo é entrevistar uma personalidade quinzenalmente.

Obrigado por teres aceite o convite Ariana. A 1ª pergunta vai-te certamente fazer pensar.


José Padeiro (JP): Quem é Ariana Pintor no meio xadrezístico? Ou seja que imagem achas que passas para o vulgo jogador de xadrez português?
Ariana Pintor (AP): Penso que para o vulgo jogador de xadrez português, a Ariana Pintor é apenas uma miúda do Porto com jeito para o xadrez, que teve sucesso enquanto jovem. Neste momento, no entanto, acho que já sou um pouco diferente dessa miúda. Quem me conhece melhor, sabe que sou uma pessoa com muito interesse pelo xadrez, agora numa fase um pouco mais madura, que tenho muita vontade em fazer algo a nível do ensino, organização, desenvolvimento e divulgação da modalidade. Penso que o meu pico competitivo enquanto jogadora já passou, mas pretendo usar a minha imagem de jovem bem sucedida para promover o xadrez.


JP: Vamos começar pelo início. Quando começaste a jogar e porquê?
AP: Comecei a jogar com 5 anos. O meu pai ensinou-me junto com outros jogos, que costumávamos jogar em casa. Depois aos 8 surgiu a oportunidade de começar a jogar nos Gambozinos, e entrar em competições.


JP: Estás satisfeita com aquilo que já conseguiste no xadrez, ou desejas atingir mais alguma meta em especial?
AP: Em termos competitivos, estou bastante satisfeita. O título de campeã nacional penso que será a única meta especial que me falta no meu currículo enquanto jogadora. Também gostava de ambicionar ao título de Mestre Internacional Feminina, mas não é uma prioridade. A minha principal meta neste momento é motivar os meus alunos e contribuir para a minha equipa. A um nível mais geral, quero continuar a contribuir para a divulgação.


JP: O que tiveste que trabalhar para chegares a este nível? Achas que é mais importante o trabalho individual ou o acompanhado?
AP: Para chegar a este nível, tive que dedicar bastante tempo ao xadrez. Não digo que tenha tido que estudar muito ou perder muito tempo nos livros, porque não é verdade, embora tenha passado algumas fases em que estudava bastante. Também tive bastantes aulas. Mas penso que o mais importante para a minha evolução foi ter-me dedicado numa determinada fase (principalmente entre 2004 e 2007) à competição e ter aprendido com a experiência.
Quanto ao que é mais importante, penso que tem a ver com o estilo e personalidade de cada jogador. Em geral, diria que o trabalho individual é importante para aprender conceitos, por exemplo, estudar uma abertura, ou treinar o cálculo, mas o trabalho acompanhado também é muito importante para orientar, dar confiança e analisar os erros.


JP: Que importância das ao xadrez na tua vida numa escala de 0 a 10?
AP: A mesma que qualquer pessoa daria ao seu hobby preferido. 7, talvez?


JP: Tal como eu, fizeste uma lista para eleição de delegados para a Assembleia Geral. Podias-nos contar as tuas ideias e projectos? Que podem contar os jogadores de xadrez se fores uma das eleitas? Donde nasceu a ideia de tal candidatura?
AP: A ideia para a candidatura surgiu de várias pessoas que me sugeriram a formação de uma lista feminina. Achei boa ideia, e a partir daí, pus em marcha o processo. Se for eleita, pretendo dar voz às nossas preocupações enquanto jogadoras femininas, como principal objectivo. Por exemplo, na última Olimpíada, foi inacreditável a atenção dada ao António Fernandes, que envolveu comunicação social e tudo, quando a nossa situação era muito mais grave. Por sermos menos, por termos menos voz, a nossa posição foi ignorada. Por isso achamos importante ter uma representante na Assembleia Geral, para impedir que tais situações aconteçam, ou pelo menos para que haja uma voz oficial que as faça ouvir.
Num âmbito mais geral, os jogadores de xadrez podem também contar com uma representante imparcial, com vontade de progredir em termos de organização do xadrez, de tentar resoluções para os conflitos e contribuir para uma política mais justa a nível da FPX. Apesar de, como já disse, o nosso principal foco ser o xadrez feminino, também tencionamos defender bastante o xadrez jovem, e o xadrez sénior de competição, que muito tem sido descuidado nos últimos tempos. Para além de representantes das jogadoras, também não descuidamos os problemas de todos os jogadores, em geral.

Perguntas rápidas
Pessoa mais importante na tua carreira: Para além do meu pai, Manuel Pintor, diria o António Fróis, e ainda o Rui Almeida, o Rui Pereira e o Vítor Guerra.
Melhor amigo do xadrez: Susana Ferreira, Ana Baptista, Margarida Coimbra, Catarina Leite. Grandes amigas, a diferentes níveis de proximidade.
Melhor partida: Ariana Pintor-António Vítor, AEJ 2007.
Melhor torneio: Benidorm 2006
Vitória que te deixou mais feliz: Zehra Topel-Ariana Pintor, Olimpíada de Calvià,2004.
Derrota mais dolorosa: Tive várias derrotas marcantes, mas talvez escolhendo uma em particular, contra o Carlos Oliveira em 2003 em Aveiro.

JP: Para terminar, que mensagem passavas aos jovens e principalmente às jovens que gostariam de singrar na modalidade?
AP: A mensagem que quero passar é: divirtam-se a jogar xadrez. Se gostarem, têm muito que aprender, que descobrir, que competir. Aproveitem enquanto são jovens, o xadrez pode-vos dar um grande prazer a nível da competição, é uma motivação e ajuda a nível da escola. Para as meninas em especial, há que vencer o preconceito e competir de igual para igual! Dá um gozo enorme ensinar aos rapazes que não é uma vergonha perder com miúdas…

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